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Congresso reúne mais de 900 participantes em torno do debate sobre os desafios atuais da clínica

Marcando o mês da Psicologia, o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP14/MS), por intermédio de sua Comissão de Saúde, reuniu mais de 900 participantes, entre profissionais, professores, pesquisadores e estudantes de Psicologia, para debater os principais desafios atuais da Clínica. Assim, ao longo de dois dias, o Congresso Psicologia Clínica e Saúde – Desafios Contemporâneos ofereceu uma extensa programação de atividades com 13 minicursos, nove debates, três conferências e 20 apresentações de trabalhos acadêmicos, com o objetivo de aprimorar conhecimentos, a integração entre a classe e as discussões sobre as diferentes vertentes da área.

Na noite de abertura, a Conselheira Presidente do CRP14/MS, Irma Macário, destacou que a iniciativa do Congresso faz parte de uma longa caminhada de construção da profissão. “A história da psicologia começou a ser construída dentro de encontros como este”.

A presidente ainda aproveitou e desejou aos participantes boas-vindas: “Que nós possamos nesse evento fazer histórias, que nós possamos trocar informações, conhecimentos e a partir disso nos energizamos para realizarmos mais eventos. Desejo que possamos fazer a troca de muitos saberes e fazeres”, comentou Irma.

Para o presidente da comissão organizadora do Congresso, o psicólogo e professor Tiago Ravenello, o principal foco do Congresso era a experiência da clínica como recurso para promoção da saúde.

‘Desqualificar a experiência clínica é atacar a dignidade daqueles que pedem seu auxílio, sufocar as vozes já estranguladas nas vozes do cotidiano, lutamos contra o silêncio e contra a opressão e lutamos com poucas armas. A clínica é mais uma delas, nem mais nem menos, apenas isso. Questões como essas são colocadas por pontos de vistas externos, sem conhecimento de causa em relação ao que de fato fazemos, então é necessário apresentar e dialogar sobre o que fazemos, é fundamental que possamos contar as histórias das práticas clínicas e de promoção de saúde em nosso estado, compartilhando novos desafios que se colocam em frente a nossa experiência, criando diálogos inéditos que permitam o implemento de nossas intervenções e repensando nossa ética por lugares mais plurais. É preciso falar de clínica, assim como é preciso falar de promoção de saúde psicológica”, explicou Tiago.

Desse modo, o Congresso buscou apresentar um quadro de diversidades para que profissionais, estudantes, professores e pesquisadores pudessem fortalecer suas práticas, visando acolhida ao outro, de abertura ao desconhecido e respeito à complexidade do humano que se baseia na multiplicidade de olhares e escutas.  E para atingir esse ideal era necessário falar ao máximo da clínica.

A primeira conferência do Congresso, “Desafios Contemporâneos na Clínica Psicológica e o Atendimento On-Line”, proferida pela psicóloga Rosane Granzoto, tocou bastante na questão política da clínica.

A psicologia tem que ser uma psicologia engajada, uma clínica política, mas não uma política ligada à concepção leiga, mas no sentido de empoeiramento das pessoas. Você trabalha com desejo, uma clínica que ajuda o sujeito sofredor as circunstancias que produzem esse sofrimento, que a pessoa possa não se ver como uma vítima, mas também não como uma pessoa errada, doente, inútil, mas ajudar ela a construir uma resistência ao sistema. A nossa função é de emancipar, o trabalho do psicólogo e da psicóloga contemporâneo com as vulnerabilidades contemporâneas tem que ir além das questões metapsicologicas porque esse sofrimento é produzido pela forma de vida contemporânea, é feita nas relações sociais, não podemos apenas interpretar aquilo como intrapsíquico, não podemos privatizar os afetos”, enfatizou Rosane.

A psicóloga ainda defendeu: “Temos que salientar é muito importante na formação dos novos psicólogos a preocupação da promoção à crítica do contexto social, a universidade é o local para pensar nisso, pensar sobre a sociedade que vivemos, temos que também trabalhar para emancipar esses profissionais em relação as demandas que eles sofrem, pois só assim eles vão poder acolher o outro”, concluiu Rosane.