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Debate estimula reflexão sobre a participação das psicólogas/os no contexto profissional

Encerrando as atividades do evento “Psicologia no Brasil: da Criação da Profissão”, a palestra da noite, realizada no auditório do Bloco B da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), foi conduzida pela psicóloga Mestra Sandra Amorim que percorreu a história da profissão a partir da ações dos movimentos históricos e sociais.

Com um tom reflexivo, Sandra provocou a plateia – formada por psicólogas (os) e estudantes –  a pensar sobre a atuação de cada um dentro do contexto político da Psicologia. Inicialmente, ela abordou o contexto social e histórico da Ditatura Militar, apontando algumas características daquele período.  

Durante o regime militar, a profissão foi construída sobre um ideário individualista, baseado no modelo médico e no atendimento individual. Era uma Psicologia normativa, de ênfase positivista, que tratava de problemas de ajustamento. Isso deixou a profissão alheia aos aspectos sociais, históricos e políticos da realidade brasileira.

Contudo, como mostrou Sandra, a Psicologia se manteve em processo de constante construção ao longo da história. Os anseios democráticos dos movimentos sociais foram traduzidos em uma vontade política que objetivava transformar a realidade social. Desse modo, a Psicologia passou a assumir uma posição crítica e de resistência. O que se queria era uma profissão mais humana, capaz de romper com o individualismo e a patologização da vida

Os profissionais passaram a batalhar pela ampliação social da Psicologia, por eficiência técnica e responsabilidade ética, além de democracia, transparência e rigor na gestão  Sistema Conselhos de Psicologia. A ideia central desse movimento era de que a profissão deveria avançar no contexto social, conectada com as necessidades da população. Esse ideal resiste até hoje e motiva o atual contexto profissional da categoria.

Sandra explica que sua palestra tinha como objetivo provocar o público a partir da transformação democrática do Brasil, que acabou por influenciar a estruturação das instâncias políticas e institucionais da profissão sob a mesma perspectiva.

“O foco central que tentei abordar foi a questão democracia. Por que a democracia? Pensando a democracia como a obrigatoriedade da participação de todos, a minha provocação aqui é de que a formação vai além das questões teóricas e técnicas. Digo ao Psicólogo Cidadão, à Psicóloga Cidadã que vai se inserir no contexto, ainda que não exerça a profissão, mas que trabalhe em um outro contexto, é fundamental que ela não se desligue da ideia de democracia”, comenta.

Na opinião da professora tratar da democracia é ressaltar que a Psicologia é uma profissão que está construção, e por isso precisa da participação de todas(os) psicólogas (os) para que os avanços sejam reais. “Há uma diversidade imensa dentro da Psicologia, mas é algo que é de reponsabilidade de todos. Não é do Conselho, do Sindicato, não é da universidade. Mas de todas as entidades que compõem o contexto profissional. Sem a democracia não é possível a construção de nada. Se as pessoas ficarem omissas, o que vier será aceito. Por isso usei a frase do Marcos Vinicius: ‘É preciso democratizar a democracia, pois apesar dela estar posta, as pessoas não ocupam espaços’”, ponderou.

Para a presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP 14/MS), Irma Macário o regaste histórico realizado pela palestrante reforça a visão de que se tem muitas ‘Psicologias’. “Essa viagem pela história é fundamental para entendermos que a Psicologia está aqui sendo construída por todos nós”, ressalta. A vice-presidente conselheira Norma Cosmo, ainda acrescentou dizendo: “É nosso dever assumir uma postura de transformação e não de reprodução”.  

As conselheiras aproveitaram o debate e convidaram o público para participar do início do processo democrático que culminará no 9º Congresso Nacional da Psicologia (CNP), que será realizado entre os dias 16 a 19 de junho deste ano, para deliberar sobre as diretrizes de atuação do Sistema Conselhos no triênio 2016-2019. Essa etapa inicial será composta por Eventos Preparatórios, Pré-Congressos e o 9º Congresso Regional MS (COREP), nos dias 29, 30 de abril e 1º de maio, em Campo Grande/MS. O objetivo dessas atividades é garantir a máxima participação da categoria, favorecendo e valorizando o seu protagonismo e auto-organização.