Em 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra, uma data que, mais do que ser um momento de reflexão, é um convite à valorização da história, da cultura e das contribuições da população negra para a formação do país. A escolha do dia 20 de novembro, em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão, reforça a importância de reconhecer e reafirmar os direitos, a dignidade e o protagonismo da população negra na construção da sociedade brasileira.
Desde os anos de 1960 essa data é celebrada pelo movimento negro todavia foi apenas em novembro de 2011, pela lei nª 12.519, que oficialmente foi instituído o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. Hoje, 20 de Novembro de 2024 teremos o primeiro feriado nacional em comemoração a esse marco.
O Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP14/MS) se junta a esta celebração e reconhece o papel fundamental da população negra na nossa história e nos desafios contemporâneos. É fundamental considerar na atuação, análise e intervenção profissional tanto quanto na produção de conhecimento psicológico o seguinte fato histórico-social e político: um dos mecanismos do racismo anti-negro é o apagamento, enfraquecimento e esvaziamento da memória coletiva de pessoas negras.
Tal condição acarreta efeitos psicológicos, sociais, cognitivos e comportamentais que, urgentemente, precisam ser reconhecimentos e interrompidos a partir de orientações teóricos, filosóficas e práticas na qual a identidade racial não seja apenas um recorte ou mais um determinante afinal na história da sociedade e da psicologia brasileira raça/cor/etnia é central.
Em uma sociedade marcada por desigualdades estruturais, a psicologia tem um papel crucial na promoção da equidade e no enfrentamento do racismo, seja ele velado ou explícito, na saúde mental e nas relações sociais.
Como profissionais da psicologia, somos chamados a:
- Reconhecer as marcas do racismo e suas consequências no sofrimento psíquico e na qualidade de vida da população negra;
- Fortalecer o enfrentamento do racismo institucional, social e estrutural, por meio de práticas psicológicas que respeitem as especificidades culturais e étnicas, promovendo o bem-estar, a autoestima e a valorização da identidade negra;
- Promover espaços de escuta ativa e acolhimento, onde os relatos de discriminação e violência possam ser compartilhados, compreendidos e transformados em ações que favoreçam a saúde mental e a justiça social.
Neste Dia da Consciência Negra, é fundamental reforçar que a luta contra o racismo e pela igualdade de direitos e oportunidades é um compromisso de toda a sociedade. A psicologia, enquanto ciência e prática de cuidado, tem um papel essencial na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa, onde todas as pessoas possam viver com dignidade, independentemente da cor da pele ou da origem. Nesse contexto, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) oferece a Referência Técnica “Relações Raciais: Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os)”, para orientar a prática profissional no enfrentamento do racismo e na promoção de uma atuação ética e antirracista. Esta referência técnica contribui para o fortalecimento do compromisso da psicologia com a equidade, o respeito à diversidade e a valorização das identidades étnico-raciais em todos os espaços de atuação.
Que este dia nos inspire a continuar a luta por uma sociedade mais justa e igualitária, onde a diversidade seja celebrada, e o racismo erradicado.
20 de Novembro é dia de celebração da memória e da potência de vida, organização, do sonhar e do agir Negro. É data-alimento para autoestima, consciência coletiva, ancestralidade e o pertencimento.
Que a psicologia, ciência e profissão, no Mato Grosso do Sul possa cultivar novos Palmares.
Celebramos as pretas psicólogas (os/ues), as comunidades quilombolas de MS, aos povos de terreiros – e todas as organizações e grupos que mantêm viva a origem Afrikana desse/nesse território.
Link de download da cartilha:
https://www.crpms.org.br/wp-content/uploads/2022/03/relacoes_raciais_baixa.pdf