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AUTOCUIDADO NA VELHICE: COMPONENTE ESSENCIAL PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA

AUTOCUIDADO NA VELHICE: COMPONENTE ESSENCIAL PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA

por Annie Mehes Maldonado Brito

O QUE É A VELHICE?

A velhice deve ser entendida como uma etapa do desenvolvimento que ocorre em decorrência do avanço da idade cronológica e desencadeia um processo de maturação biológica e natural no curso de vida. Apesar de um processo biológico, não deve ser compreendida somente por meio de modificações orgânicas e maturacionais, mas também constituída de consequências psicológicas. Apesar de possuir diversas variáveis que atuam e interferem no processo de envelhecimento e em como viver a velhice, é importante perceber que esta fase do desenvolvimento é única e quem a vive reage de modo particular.

Como conclusão, podemos afirmar que não existe somente um modo de viver a velhice, mas múltiplos.

O cuidado a pessoa idosa é imprescindível e essencial, independente de como se escolha viver a velhice. E, neste processo de cuidado, o autocuidado é importantíssimo.

 

O QUE É O AUTOCUIDADO?

Nada mais é que o investimento que o indivíduo realiza em si, beneficiando seu desenvolvimento e a manutenção de seu bem-estar, saúde e vida.

E a família neste processo de autocuidado?

A família do idoso pode contribuir tanto no seu autocuidado como também prestar diferentes formas de cuidado.

No que se refere ao autocuidado, a família pode auxiliar com incentivos, criando um contexto que favoreça esta prática e, acima de tudo, deixando que o idoso exercite sua autonomia.

Existem várias crenças, ou seja, ideias que estão no imaginário social, que podem prejudicar o cuidado a pessoa idosa. Algumas delas são:

 

AFIRMAÇÕES

VERDADEIRO

FALSO

1. VELHICE = DOENÇA

 

X

2. A VELHICE NÃO COMPREENDE UMA FASE DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, MAS SE INICIA UM PROCESSO DE INVOLUÇÃO.

 

X

3. A VELHICE É IGUAL PARA TODOS.

 

X

4. O COMPORTAMENTO DA PESSOA IDOSA SE ASSEMELHA AO COMPORTAMENTO INFANTIL.

 

X

 

Velhice e doença não são sinônimos, o que significa afirmar que existem tanto idosos doentes quanto idosos não doentes. Envelhecer não é NECESSARIAMENTE sinônimo de ter doenças. A crença de que envelhecer, ou viver a velhice possui relação direta com o adoecimento estimula os sentimentos de medo, bem como práticas que podem antecipar a vivência de perdas, já que sem necessidade, familiares e cuidadores em geral, podem interferir na autonomia do idoso, o que consequentemente desencadeará um processo de dependência da pessoa idosa.  

A crença de que a velhice não compreende uma fase do desenvolvimento TAMBÉM contribui, prejudicando a autonomia das pessoas idosas, já que essa ideia pode levar familiares, cuidadores e demais pessoas a tomar para si todas as decisões relativas à vida do idoso, o que pode predispor ou reforçar um quadro de dependência.

Atribuir a mesma característica de comportamento a todas as pessoas idosas é o mesmo que invalidar a característica de heterogeneidade própria do processo de envelhecer e de vivenciar cada etapa da velhice. Cada pessoa é única, e isso não muda ao longo da velhice.

Quando se iguala o desenvolvimento da pessoa idosa ao desenvolvimento infantil contribuímos com a propagação de ideias erradas sobre a velhice, já que invalidamos todo o passado vivido por quem está nesta fase. Essa crença pode acarretar práticas sociais igualmente negativas com as pessoas idosas. Quando pensamos que criança e idoso são iguais em seu comportamento estamos compreendendo que podemos interferir na vida do idoso igualmente fazemos ao educar uma criança.

Em síntese, as diversas crenças falsas podem legitimar práticas sociais compostas por crendices, essas práticas contribuem na disseminação de ideias errôneas e preconceitos que repercutem no cotidiano da pessoa idosa. As principais consequências são: criação de quadros de dependência por parte da pessoa idosa, que pode se tornar insegura, e desenvolver diversos sentimentos negativos, além de sua infantilização.

É importante que cuidemos do nosso idoso. Que ele realize atividades e tarefas respeitando o seu ritmo. Que respeitemos suas escolhas. Que o incentivemos a se cuidar dentro de suas possibilidades. E que, por fim, tenhamos cautela no cuidado que dispensamos a eles. Caso não saibamos O QUE e COMO fazer algo, que procuremos o devido auxílio com profissionais competentes.

REFERÊNCIAS

Caldas, C.P. (2006). O autocuidado na velhice. Em: E.V. Freitas, L. Py,  F.A.X Cançado, J. Doll & M.L. Gorzoni. Tratado de geriatria e gerontologia. 2º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 1430-34.

 

 

Jodelet, D. (2009). Contributo das representações sociais para o domínio da saúde e da velhice. Em: M. Lopes, F. Mendes & A. Moreira (Coord.). Saúde, educação e representações sociais. (pp. 71-149). Coimbra: Formasau.

 

 


[1] Profª Drª do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN