Abrindo o mês de novembro, o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP14/MS), por intermédio de seu Núcleo de Psicologia Étnico-Racial (NUPSER) participou da a roda de conversa: O TEZ E EU, organizada pelo grupo Trabalho e Estudo Zumbi (TEZ). O evento tinha o objetivo de evidencializar as ações voltadas para a população negra no Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos trinta anos, e, dar início as atividades alusivas ao mês da Consciência Negra.
Na ocasião, além da troca da experiências, o CRP14/MS realizou o lançamento da pesquisa do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) sobre a Psicologia e as Relações Raciais.
O documento Relações Raciais: Referências Técnicas para a Prática da(o) Psicóloga(o)foi elaborado com objetivo de contribuir para superar o racismo, o preconceito e a discriminação. Sua elaboração foi solicitada pela categoria, durante o 9º Congresso Nacional da Psicologia (CNP 2016), no qual diversas propostas indicaram a necessidade de promover o combate ao racismo. A conselheira Clarissa Guedes explica que “o material vai contribuir para qualificar a atuação profissional no que diz respeito à diversidade racial e ao sofrimento psíquico advindo do racismo”.
“Se pensarmos no mito da democracia racial, o caderno vem para desmistificar esse lugar”, explica a conselheira Célia Zenaide. Para ela, é necessário olhar para parcela da população que não é a minoria, mas sim a maior parte da população brasileira deixada à margem da sociedade.
A publicação faz um mapeamento sobre o racismo no Brasil e também dos esforços que empreendidos para sua superação. Ajuda, ainda, na compreensão do cenário, dos mecanismos acionados para reduzir e eliminar direitos humanos e do desmonte de políticas públicas. Na visão do conselheiro Paulo Maldos, da Comissão de Direitos Humanos do CFP, “são ferramentas para construir resistências e caminhos e retomar mecanismos de enfrentamento do racismo”.
A psicóloga Clélia Prestes, da comissão responsável pela redação da referência técnica, enfatiza que pessoas com identidades e características psicológicas diferentes precisam ter um atendimento que considere suas especificidades. Segundo ela, quando se pensa na prática da Psicologia pautada pela raça é possível dar mais qualidade ao atendimento, a partir da equidade. O impacto da publicação é ainda maior para as mulheres negras. “A grande maioria das pessoas que procura a clínica, por exemplo, é formada por mulheres e, nos serviços públicos, por mulheres negras, então, é importante ter a prática com o recorte de raça garantido.”
Com informações: CFP