Na última segunda-feira (10), a Câmara Municipal de Campo Grande realizou audiência pública que colocou em debate o uso e a aplicação medicinal do Canabidiol. A audiência “Cannabis Medicinal: Direito à saúde, associativismo e impacto social”, contou com a presença de especialistas e autoridades que discutiram a construção de políticas públicas adequadas para garantir o acesso seguro e eficiente ao tratamento com a Cannabis.
O presidente do Conselho Regional de Psicologia, Walkes Jacques Vargas (CRP14/05574-6) participou da audiência pública e destacou que realizar esse debate nos dias de hoje, é enfrentar o preconceito introjetado durante muitos anos no senso comum da sociedade brasileira, preconceito esse que tem sua maior expressão na guerra as drogas, guerra essa que só vitimiza a juventude preta, pobre e periférica do Brasil, prejudicando aqueles/as que estão em alguma situação de vulnerabilidade e necessitam de uma medicação hoje inacessível no país. “Precisamos urgentemente substituir a política antidrogas pela política sobre drogas, e abandonar a guerra as drogas e olhar para alternativas como a sabedoria ancestral, a redução de danos e o que apontam os mais diversos estudos científicos. Parabenizo a todos as profissionais de saúde aqui presentes, pois ajudam a dialogar com a população e sensibilizar o poder público sobre esse tema.”
A audiência foi feita pela Comissão Permanente de Ciência, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo, composta pelos vereadores Tabosa (presidente), Ronilço Guerreiro (vice), Dr. Jamal, Luiza Ribeiro e Dr. Loester. Foi debatido o aspecto político, social, jurídico e científico, além de apresentar o impacto social do trabalho de associativismo em Mato Grosso do Sul.
“A Câmara não pode ficar indiferente a situação de muitos pacientes que precisam dessa medicação e mais que isso, sofrendo com o preconceito. A maconha, a cannabis, sofre muito preconceito ainda na sociedade brasileira e até seu uso medicinal tem sido visto com olhos do preconceito. Trazer esse debate aqui é esclarecer as pessoas, apoiar quem estuda, ouvir quem faz o uso, quem precisa e não tem condição, enfim é papel da Câmara servir a população num debate tão importante como esse”, afirmou a vereadora e proponente Luiza Ribeiro.
E o presidente do CRP 14/MS em seu discurso ressaltou “a Psicologia reforça aqui o seu compromisso com um SUS público e estatal, e cito aqui como um exemplo do primeiro Congresso de Psicólogo e Canabis que está sendo organizado pelo CRP de MG. Com a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial, a redução e danos, conseguiremos o direito ao tratamento em liberdade e ao uso e aplicação medicinal ao canabidiol. O acesso aos canabidoides também é cuidado em liberdade”.
Desde fevereiro deste ano tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) o PL 06/2023, que assegura o acesso a medicamentos e produtos à base de cannabis para tratamento de doenças, síndromes e transtornos de saúde, de autoria do Deputado Estadual Pedro Kemp.