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CRP14/MS promove roda de conversa sobre saúde mental (bem viver) pensada para e por povos indígenas

 A questão da cidadania nas comunidades indígenas também se faz presente no contexto urbano. Na tarde do último dia 30, encerrando o mês de Abril Indígena, o Conselho Regional de Psicologia da 14ª Região – MS promoveu um encontro para discussão sobre saúde mental na aldeia urbana Marçal de Souza, em Campo Grande.

Participaram do evento representantes do Estado, Funai, IFMS, Sesai, Sesau e Dsei, visando abordar a pauta indígena e elaborar estratégias práticas para promover o bem viver estar das comunidades originárias.

A conselheira Vanessa Terena, do CRP14/MS, abriu a sessão destacando a longa luta dos povos indígenas pelo reconhecimento de seus territórios e identidades.

“Especialmente quando se trata de saúde mental, a Psicologia ainda é muito elitizada no Brasil. Quantos de nós já consultamos uma/um psicóloga/o? O acesso à Psicologia ainda é limitado para a população brasileira e ainda mais para os povos indígenas. As estatísticas mostram que há uma psicóloga/o para cada 7 ou 8 mil indígenas, dependendo do território”, ressaltou Vanessa.

Terena enfatizou também a importância das/os psicólogas/os atuarem diretamente nos territórios indígenas, e argumentou que a Psicologia deve ser vista como uma questão política, necessitando ser implementada nos territórios.

“A fim de aumentar o número de profissionais, é crucial apresentar a Psicologia. Se perguntarmos hoje a qualquer ancião, dentro ou fora das cidades, sobre o papel da/o psicóloga/o, quantos já se apresentaram em nossos territórios? A Psicologia está presente no Brasil há 60 anos, mas ainda não se apresentou de maneira eficaz. Chegou impondo um conhecimento branco e eurocêntrico”, completou Vanessa.

Josias Ramires, técnico da Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários e cacique da aldeia Marçal de Souza, expressou gratidão pela presença e destacou a importância do tema não apenas nas comunidades indígenas urbanas, mas também nos territórios tradicionais.

“Necessitamos de especialistas em Psicologia, não apenas para o povo terena, mas para todas as comunidades de Mato Grosso do Sul. O suicídio, a ansiedade e a depressão são questões alarmantes entre nossos povos. Portanto, ter essa discussão na comunidade e construir algo coletivo com diversos parceiros representa um avanço em nossa busca por políticas públicas”, afirmou Josias.

Além da equipe da subsecretaria de Povos Originários, representantes da pasta da Juventude também estiveram presentes e contribuíram para a discussão. Jessé Cruz, Subsecretário de Políticas Públicas para Juventude, destacou que a saúde mental será o foco da Semana Estadual deste ano.

“O que nós pensamos, e eu quero compartilhar com vocês e abrir para todas as outras instituições somarem conosco, é que os dados são alarmantes, e diante deste levantamento queremos pensar a política pública mais assertiva possível, com uma estratégia que também fale com a juventude indígena”, concluiu Jessé.