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CRP14/MS realiza Conferência para debater a situação política do Brasil

A atual situação do Brasil vem causando preocupação a sociedade brasileira. Os recentes fatos e os rumos que o país vem tomando nos últimos tempos apontam para uma crise que vai além da esfera econômica. Para discutir esse cenário, o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul (CRP14/MS) em parceria com a Adufms Sindicato (Sindicato dos Professores das Universidades Federais no Mato Grosso do Sul), Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza Tupã-i (CDDH-MS), Sindicato dos Psicólogos de Mato Grosso do Sul (SINPSI-MS) e Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP), realizou a palestra Brasil Contemporâneo – Entre Cenários e Perspectivas, com a presença do ex-ministro da justiça, Eugênio Aragão.  

 

A palestra, explicou a conselheira-presidente do CRP14/MS, Irma Macário, não apenas integrou a agenda de atividades do mês da/o Psicóloga/o, mas também tinha o objetivo de esclarecer a situação política do país em uma breve análise de conjuntura. “A fala de Eugênio Aragão é importante para que possamos refletir um pouco sobre a situação que estamos passando. A situação do Brasil neste atual momento é grave e ela não reflete apenas na vida política, mas especialmente na vida privada de cada um de nós. Portanto, esse debate é fundamental para a Psicologia, pois é uma das formas que temos para refletir como a situação atual do Brasil reflete na subjetividade das pessoas”, completou Irma.  

 

Aragão iniciou a palestra falando sobre o avanço do pensamento conservador no Ministério Público Federal. Sobre essa questão ele pontua que a presença do conservadorismo na instituição não é um fato recente, na verdade, esse fenômeno remete ao tempo da constituinte, no processo de elaboração da Constituição Federal.  

 

“Eu vejo o cenário atual como decorrência de uma transição muito malfeita da ditadura militar para o governo civil. Os problemas que estamos enfrentando hoje foi um dever de casa não feito. O Brasil não resolveu seu problema com a ditadura. Apesar da constituinte, nós nos surpreendemos com esta constituinte que ainda foi muita conservadora a ponto de resguardar estruturas corporativas que se fortaleceram durante a ditadura”, pondera Aragão. 

 

Neste cenário o fortalecimento de corporações, sem devido rompimento com as estruturas da ditadura, fizeram com que instituições como Ministério Público Federal, Congresso Nacional, em termos de representação política, se desenvolvessem sem necessariamente ter uma relação direta com a população.  

 

Quase que descoladas da sociedade que deveriam atender, Aragão vai dizer: “se institucionalizou todas as prerrogativas dessas instituições. E as instituições que conseguiram se alavancar dentro da constituinte, conseguiram também se prestigiar. Então, se essas instituições passaram a evoluir de forma contraditória a ponte de criar uma estática institucional se colocar contra a dinâmica da sociedade”,  

 

A narrativa do golpe e retrocessos vividos hoje no país estão ligados justamente a essa realidade, que não foi superada pela redemocratização. Esses grupos agiram ativamente contra uma visão política que foi colocada em prática a partir da eleição de um governo de caráter popular.  

 

Para Aragão o desafio agora é retomar a mobilização dos movimentos sociais, aumentando a pressão popular contra esses grupos “Nenhum governo, mesmo que progressista, poderá se sustentar sem apoio da população. As pessoas precisam lutar para que uma agenda política se firme no Brasil, em consonância com os Direitos Humanos”, disparou.  

Após a palestra, no dia seguinte, o ex-ministro se reuniu com lideranças sindicais, de movimentos sociais, para discutir estratégias de mobilização.