No dia 8 de março de 2023 foi realizado o evento online “Dororidade: tensionando territórios feministas na Psicologia Social e Comunitária”. O disparador do evento foi o curta-metragem de acesso livre “Do meu lado”. Após assistir coletivamente o curta-metragem, iniciaram-se as discussões sobre colorismo, branquitude e presentatividade nos espaços de discussão, especialmente representatividade de pessoas não brancas.
No âmbito da discussão sobre colorismo, discutiu-se o modo como se distribuem as violências e discriminações a depender da cor da pele e demais características em uma sociedade estruturada no racismo fenotípico, tal como é o caso do Brasil que passou por processos de colonização. Essa forma de distribuição das violências está intimamente articulada às lógicas da branquitude – identidade racial branca que toma o ser branco como ideal e universal – e a atualidade de práticas racistas que não se resumem às ações individuais, mas funcionam como projeto político.
Tais projetos podem ser visibilizados em diversos campos tais como segurança pública, educação, saúde pública e acesso a melhores condições de vida. Nesse sentido, o colorismo faz funcionar a lógica de proteção e/ou desproteção quanto mais próximo ou mais distante um determinado corpo ou população está do ideal de ser em um dado período e território. Sendo o Brasil um país no qual o racismo é estrutural, esse ideal é o branco ao qual são atribuídos privilégios/vantagens não apenas concretos, mas simbólicos.
O evento se alinha com as propostas da Comissão de Psicologia Social e Comunitária e das ações do Conselho Regional de Psicologia da 14ª Região, especialmente porque permite criar um espaço de acolhimento, discussão e problematização da psicologia no que concerne à efetivação da democracia, da igualdade, da necessidade de representatividade e da articulação de estratégias de luta que sejam antirracistas e que se posicionem criticamente enquanto ciência e profissão política e eticamente envolvida com a gestão dos sujeitos, das populações e territórios.
Outro elemento fundamental sobre o qual as discussões se concentraram é a urgente necessidade das pessoas brancas – ou pessoas socializadas e produzidas como corpos brancos no Brasil – se responsabilizarem pelas discussões raciais, identificando os códigos dos quais compartilham ainda que não intencionalmente. Isso implica um exercício de crítica constante, visto que estamos insistentemente sendo produzidas(os) a partir de dispositivos racistas que são segregadores, hierarquizadores e qualificadores das vidas.
Também foi ressaltado o trabalho do Sistema Conselhos de Psicologia na proposição, realização e luta por participação democrática, ampliando os espaços para composição com a categoria profissional, estudantes e comunidade em geral sobre temas tão caros e essenciais à constituição do presente brasileiro e em direção à justiça social, reparação histórica e análise crítica do lugar que ocupamos no cotidiano.
Fonte: Comissão de Psicologia Social e Comunitária