Divulgação do CFP
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) manifesta publicamente sua profunda consternação diante do episódio de feminicídio ocorrido na madrugada do dia 1º de janeiro, em Campinas (SP).
A chacina, cometida por um homem contra 12 pessoas – entre elas, nove mulheres –, foi motivada por misoginia e intolerância e reflete a escalada conservadora à qual assiste a sociedade brasileira, que amplia a violência em geral e, com mais ênfase, a violência contra as mulheres e as chamadas minorias.
Em carta (ampla e levianamente divulgada por parte da nossa imprensa), o autor dos disparos atribui à ex-esposa, às mulheres, ao feminismo e às leis criadas ao longo dos últimos anos contra o feminicídio a brutalidade que cometeu.
A violência do patriarcado e a banalização da misoginia são práticas sociais e institucionais introjetadas em nossa cultura. Os casos de violência contra a mulher violam os direitos humanos e são um problema de saúde pública, que deve ser enfrentado por toda a rede de saúde e serviços de garantia de direitos.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde e do Mapa da Violência no Brasil, o país configura-se em quinta posição entre aqueles com maior incidência de assassinatos de mulheres.
Nesse sentido, o CFP elaborou, após consulta e contribuição dos conselhos regionais, uma nota técnica de orientação profissional para quebra de sigilo em casos de risco de feminicídio, que orienta a realização da comunicação externa (denúncia) se a vida da mulher – ou a de seus filhos, ou de pessoas próximas – estiver seriamente ameaçada.
Ao mesmo tempo que nos solidarizamos com familiares e amigas(os), reforçamos a urgência em obstar o desmonte de políticas de combate à violência contra a mulher por parte do atual governo e seguir lutando por projetos integrados, que envolvam práticas de saúde, de assistência, de justiça e de educação não sexistas.