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Seminário de Direitos Humanos defende direitos e crítica intolerância

Com colaboração do CFP

"Vivemos tempos inesperados. Ou desesperados. Tempo onde a comunicação nunca foi tão rápida, fácil, instantânea. Conectar-se com todo o mundo deveria ser aproximar, conhecer, chegar perto, estabelecer relações. Mas, o que vemos o florescer é o florescer do ódio, do medo da diferença", com este tom a coordenadora da Comissão dos Direitos Humanos do CFP (CDH/CFP), Ana Luísa Castro, mostrou o principal objetivo do VIII Seminário Nacional Psicologia e Direitos Humanos: debater o crescente fenômeno da intolerância no Brasil. O evento realizado em Brasília, na Escola Parque 308 Sul, reuniu palestrantes e debatedores em torno da necessidade de encontrar alternativas para superar esse momento político brasileiro.  

O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Rogério Giannini, que abriu os trabalhos do Seminário também não deixou de expressar sua preocupação e reafirmou o papel da Psicologia como uma profissão de resistência.  “A Psicologia não será colocada à serviço da dominação, a serviço da perda de direitos, do domínio dos corpos e das mentes.” 

Gianni ainda explicou o papel central do evento: “Nenhum direito a menos significa a construção dos nossos direitos. Cada vez que tentam tirar nossos direitos, lutamos, debatemos e inventamos novos direitos”.  

A conselheira do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul, Beatriz Xavier, participou do Seminário e destaca: "Refletir e lutar. A Psicologia tem que ser colocar como crítica ao processo que está sendo montado contra os direitos sociais".  

Cecília Coimbra 

A primeira coordenadora do CDH/CFP, Cecília Maria Bouças Coimbra, foi também homenageada. Recebeu das mãos de Giannini uma placa por sua história no colegiado. Coimbra lembrou, em seguida, de Marcus Vinicius de Oliveira, alertando que seu assassinato ainda não foi solucionado. “Psicologia e política não estão separadas. O mito da neutralidade ainda está muito presente em nosso cotidiano, mas fazemos política ao respirarmos.” 

Lumena Furtado, por sua vez, homenageou Maria Lúcia Pereira dos Santos, liderança do movimento da população em situação de rua. “Quero render homenagem a alguém que deu visibilidade para os invisíveis”. 

Violência 

A conferência de abertura foi realizada pelo psicólogo e psicanalista Tales Afonso Muxfeldt Ab´Sáber, que destacou o momento de reafirmação do arcaísmo, e seus efeitos políticos e simbólicos, pelo qual passa o Brasil e o mundo. 

“Nesse cenário, temos não apenas as dificuldades tradicionais de sustentar o trabalho da Psicologia e dos direitos humanos no mundo, mas estamos em uma situação pior, com um movimento se produzindo que tem escala e dimensão, que produz efeitos políticos e simbólicos, e que se aproxima de novas modalidades de fascismo”. E enfatizou que a escalada da violência tem produzido políticos e discursos de ordem fascista. 

Para Ab´Sáber, profissionais da Psicologia precisam ter consciência da “máquina do mundo, e ter uma imaginação elaborativa, transformadora”, levando em conta as experiências éticas e científicas, para uma atuação que transpasse o indivíduo e aborde o coletivo, a sociedade, o todo, na construção de espaços de intervenção social e política.