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Setembro Amarelo

Setembro chegou e com ele observamos várias menções em mídias sociais, instituições, escolas e locais públicos de forma geral, referente ao mês alusivo à Prevenção ao Suicídio. Mas será que elegermos um mês para falarmos, refletirmos e pontuarmos sobre a temática das mortes autoprovocadas é o suficiente?

Como anda a saúde mental da população mundial no decorrer dos outros meses do ano? Será suficiente no mês de setembro reunirmos ações, palestras e web-conferências para tratar de tão delicada temática em um curto espaço de tempo, como o fazemos neste período de 30 dias?

Obviamente que não! Mas que o setembro possa ser o pontapé inicial, e traga com ele o start para que ao refletirmos em torno desta discussão estejamos realizando também a prevenção diária, já que os números insistem em nos lembrar de que, o suicídio não espera setembro chegar! E com isso, em todos os meses do ano, envolvendo a vários setores da sociedade consigamos trabalhar forte para a não estigmatização em torno da saúde mental, de uma forma mais amplificada, desmistificando os preconceitos concernentes às áreas “psi”, e assim, abrindo espaços e caminhos que contribuam para que os atendimentos dos profissionais psicólogos e psiquiatras ocorram de forma natural e necessária, tanto quanto qualquer outra área de atendimento à saúde integral.

Que não percamos de vista a natureza biopsicossocial deste fenômeno complexo e multifatorial, e como forma de prevenção possamos reunir uma gama de oportunidades de escuta, acolhimento, encaminhamento, tratamento e, principalmente, a continuidade no cuidado. Sim, as pessoas em vulnerabilidade para o suicídio precisam de acompanhamento longitudinal e necessitam de uma rede de apoio estruturada, que pense no sujeito de uma forma mais amplificada do que simplesmente mais um atendimento emergencial ou apenas um paciente em crise momentânea.

O trabalho intersetorial deve somar esforços em oferecer o cuidado adequado, tanto na prevenção, com políticas de promoção de saúde para variados públicos vulneráveis, quanto na oferta de um apoio mais específico, considerando a singularidade de cada caso e quando o sujeito que sofre não conseguir encontrar sozinho o caminho de volta que o tire deste “túnel” sem saída,  possamos mostrar a ele que existem outros caminhos, outras possibilidades, onde com ajuda necessária, poderá mudar o fim desta história, no qual o suicídio não seja considerado como o único desfecho possível.

Psicóloga Renata A. Delfino de Lacerda
Técnica da RAPS/SES/MS